Por Sávio Alencar
No imaginário dos mais desavisados, pode parecer que livros surgem espontaneamente, por brotamento, como ocorrem a algumas plantas. Mas a origem das páginas impressas ou digitais que lemos diariamente não corresponde a um processo tão... natural. Há muito trabalho por trás das brochuras, e diversos profissionais estão diretamente envolvidos em uma atividade que pode se estender por meses. A produção editorial, de ficção (romances, contos, novelas) e não ficção (livros didáticos, informativos, de autoajuda), prevê um processo específico, em que várias etapas se realizam até chegar o momento em que o livro, enfim, encontrará o seu leitor. Pela própria “invisibilidade” que cerca as práticas dos profissionais do livro – que, muitas vezes, só conhecemos por ficha técnica ou colofão, se por acaso lembramos que esses gêneros também existem para serem lidos –, as etapas que compõem a produção editorial, normalmente, são “anônimas ilustres” para a maioria das pessoas. Elas variam de acordo com a natureza ou a proposta da publicação, mas, em geral, podem ser reunidas sob um denominador comum. Pensando em dar visibilidade a esse trabalho que por vezes é deixado para trás na medida em que passamos as páginas dos livros, listo quatro etapas fundamentais para uma produção editorial comprometida com um bom resultado e, sobretudo, com a inteligência do leitor. Leitura crítica Concluído o texto por parte do autor, é hora de ele ser apreciado por outra pessoa, normalmente alguém que tenha familiaridade, experiência com o assunto tratado. leitura crítica prevê uma avaliação do texto em que se considera a adequação de conceitos, valores, juízos, linguagem, abordagem, estilo... sem intervenção direta na escrita do autor. O leitor crítico prepara o terreno para a atuação do editor. Edição De posse da avaliação do leitor crítico, o editor já tem para si algumas questões sinalizadas (às vezes, também em forma de um parecer elaborado pelo profissional que lhe antecede) e que precisam ser resolvidas durante a edição. É o momento de intervir no texto, respeitando o projeto do autor e em diálogo com ele. São equacionadas as questões que envolvem tanto aquelas apontadas pelo leitor crítico quanto as que o próprio editor identifica, já que cada leitura é pessoal, parcial e, por isso mesmo, nunca definitiva. Objetividade, clareza e fluência do texto são qualidades que a edição deve assegurar. Preparação Hora de deixar o texto apresentável ao mundo. No baile de debutante das letras que é a preparação, o profissional responsável por essa etapa, o preparador, responsabiliza-se por adequar o texto a convenções ortográficas, gramaticais, sintáticas, identificando e corrigindo os deslizes naturais que as leituras anteriores (leitura crítica e edição) deixaram passar. Ele também segue as instruções de guias, manuais de estilo e formatação da casa publicadora ou de outra instituição (faculdades e universidades, por exemplo, concebem suas normas de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas). Revisão
Como se percebe, todas as etapas são interdependentes, e o resultado de cada uma, para ser satisfatório, depende da qualidade do trabalho anterior. Preferencialmente, devem ser realizadas por profissionais distintos, na medida em que cada leitura tem suas especificidades e varia de acordo com tais e tais questões. Mas não é impossível que um único profissional possa executá-las, especialmente no caso dos freelancers. Ao contrário do que se pode imaginar, o livro não acaba quando o autor decide pôr o ponto-final da última frase. A história pode ter terminado no universo da ficção, mas, no da edição, ela só começou. A Papel Ofício pode ajudar a contar a sua. Vamos juntos?
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Joice NunesGraduada em Letras, revisora de textos e escritora. Estou sempre com um livro nas mãos, desde criança. Tenho a palavra escrita como algo fundamental em minha vida. Se isso não for amor, não sei o que mais poderia ser. :) Categorias
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Março 2018
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