Muita gente não sabe, mas acontece: nós, (bons) revisores, também recusamos trabalho. E não é porque a gente esteja por cima da carne seca, como se diz. Na verdade, a pilha de boletos não para de crescer. Isso acontece por muitos motivos: falta de tempo, trabalho acumulado, o fato de trabalhar exclusivamente para si e – isso mesmo – o preço que (não) querem pagar. Diz o ditado: há revisores e "revisores", clientes e "clientes". Isso, claro, não quer dizer que se trate de uma regra geral. Existem dois tipos de pessoas no mundo: 1. bons revisores que aceitam o trabalho (malpago) porque precisam de dinheiro (e tudo bem com isso, não é mesmo?), e 2. "revisores" que oferecem seus serviços (por valores duvidosos) sem necessariamente entregar um bom resultado. E é aí que a primeira categoria paga o preço, literalmente.
Para quem não conhece a dinâmica da edição de textos, revisar é dar-uma-olhadinha. Errado. Há muito trabalho que uma "olhadinha" não dá conta. Por exemplo: a gente paga um dentista só para ele aplicar flúor? Um cardiologista, só para ele dizer que nosso batimento cardíaco está ok? Um advogado, só para ele ganhar a causa que nos convém? Revisão também é ofício. E sério: não dá para pensar que existem profissionais há décadas no mercado que estão só fazendo um bico de revisão. É por isso que muita coisa está em jogo naquela lauda (supostamente) baratinha que se vê por aí. Optar por ela nem sempre é sinônimo de boa escolha. É como descobrir que uma doença foi curada por efeito placebo. E você, claro, não precisaria ter gastado com isso.
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Joice NunesGraduada em Letras, revisora de textos e escritora. Estou sempre com um livro nas mãos, desde criança. Tenho a palavra escrita como algo fundamental em minha vida. Se isso não for amor, não sei o que mais poderia ser. :) Categorias
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Março 2018
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