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Revisão de textos: por que escolhi essa profissão?

13/2/2017

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Essa não é uma pergunta muito fácil de ser respondida. Na verdade, eu precisaria contar um pouco do meu percurso acadêmico e pessoal para, então, explicar o que me trouxe até aqui. Este é um relato curto, sem delongas, senão vocês correriam o risco de dormir na metade da leitura.


Aos dezoito anos, época em que prestei vestibular, nós não temos certeza do que queremos; pelo menos não a maioria de nós, os normais humanos, ai de nós. Optei pelo curso de pedagogia, sabe Deus porquê. Foi uma escolha feita ao acaso. O curso é bom, te dá oportunidade de aprender conteúdos das mais diversas áreas — sociologia, filosofia, psicologia, etc. Além disso, eu me apaixonei pelas teorias educacionais de Paulo Freire.

Mas faltava alguma coisa. Um élan. Um chamamento urgente. Nas vésperas da formatura, quando faltava apenas um semestre para terminar, eu finquei pé e disse: “Quero fazer letras”. Não entrarei nos enfadonhos pormenores burocráticos. O fato é que logo eu estava assistindo a aulas sobre linguística, sociolinguística, análise do discurso, semântica, etc. E eu me apaixonei.

Tive de trancar o curso duas vezes, por motivos muito tristes. Meu pai morreu, fiquei doente, etc. Nada que precise ser lembrado agora. Mas voltei com força total. Diploma na mão, pensei: “E agora, Senhor Cristo que olha por nós, reles mortais? Que farei eu da vida?”. Dar aulas? No way. Pensei, pensei, pensei, e, pasmem, fui trabalhar com… direitos humanos! Sim. Passei lindos cinco anos da minha vida atuando nessa área.

Uma amiga querida escreveu uma tese e me pediu para revisar. PLIM! A ficha caiu. Comecei a ler tudo o que eu podia sobre a profissão de revisor de textos. Li as normas da ABNT. Estudei um pouco de marketing para a internet. Investi em uma marca. Fiz um site. Criei uma fan page. Mas e aí? De onde viriam os clientes? Bom, minha gente, como diria o saudoso Seu Madruga, quando a fome aperta, a vergonha afrouxa.

Entrei em contato com todos os meus amigos. Todos. Pedi que eles me ajudassem a divulgar a página e me indicassem aos colegas de mestrado e doutorado. E a coisa foi dando certo. Desde então reviso trabalhos acadêmicos, livros, revistas e tudo o mais que precise passar pelos olhos de lince do revisor.

Não é fácil ser revisora de textos. Não é fácil ouvir alguém pedir para você dar um desconto porque o texto não precisa de mais que “uma olhadinha”. Não é fácil lidar com o stress vivido pelos alunos da pós-graduação, que muitas vezes acabam descarregando em você todas as frustrações e a indignação com o orientador. Não é fácil lidar com um orientador que acha que sabe tudo de gramática, coerência e coesão e afirma que o trabalho não foi bem revisado. E tudo isso porque ele acha que o revisor tem a obrigação de reescrever textos que não fazem nenhum sentido. Não é fácil ouvir o cliente dizer que você está cobrando caro, sendo que o valor que você cobra ainda é muito baixo para o trabalho que realizamos.

Nem tudo são espinhos, porém. Existem as rosas. Muitas. E são elas que me fazer acreditar e persistir. Existem muitos, mas muitos clientes que valorizam esse trabalho, sabem da importância desse tipo de profissional. Sabem que do mesmo jeito que querem que sua profissão valorizada, valorizam a nossa. Ficam gratos, porque sabem que a revisão ajudou a melhorar o texto. Esses clientes te colocam nos agradecimentos dos trabalhos, te indicam para os colegas, divulgam sua empresa nas redes sociais. E isso é lindo. Mãos dadas. Companheirismo. E é isso que me impulsiona, me faz querer continuar. Que me faz estudar, fazer cursos.
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Podem me chamar de louca, mas para mim revisar texto é tarefa das mais bonitas, apesar de o trabalho ser árduo. Imagine você quantos textos eu já li, quantos tive oportunidade de burilar, quanto conhecimento obtive sobre os mais diversos assuntos… Lidar com a linguagem é lidar com a nossa essência, pois que somos isso: linguagem.
Assim, hoje, no Dia do Revisor, eu agradeço a todos os professores que me ajudaram nessa jornada, aos colegas de profissão que formam essa rede bonita de ajuda e, por fim, aos meus clientes queridos, que só aumentam e aumentam.
Muito obrigada! <3
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    Joice Nunes

    Graduada em Letras, revisora de textos e escritora. Estou sempre com um livro nas mãos, desde criança. Tenho a palavra escrita  como algo fundamental em minha vida. Se isso não for amor, não sei o que mais poderia ser. :)   

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