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Revisão e preparação: qual é a diferença?

6/8/2016

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É comum que as pessoas que não são da área editorial imaginem que a única forma de intervir em um texto seja através da revisão ortográfica e gramatical. Porém, existe outra tarefa (mais especializada, diga-se de passagem) fundamental para garantir que o texto possa ser apresentado de forma agradável aos seus leitores, e o nome dela é preparação de originais.

Antes de explicar o que é a preparação e diferenciá-la da revisão, gostaria de citar um trecho da escritora e preparadora Vanessa Bárbara, que em um texto publicado no blog da Companhia das Letras afirmou: “Um bom preparador é caso psiquiátrico. Convém que ele sofra de um leve transtorno obsessivo-compulsivo e seja persistente, perfeccionista e incansável. É preciso gostar de pesquisar minúcias como a composição química do tricofitobezoar, interessar-se por dispositivos bélicos da Segunda Guerra, especializar-se em generais bizantinos, possuir um dicionário de gírias de milicos e ler tudo sobre a moda seiscentista só para checar se a infanta Margarida usava calcinhas de elástico. O preparador de originais é um xiita vocabular. Em Ser feliz, de Will Ferguson, há uma frase que resume a categoria: ‘O preparador de texto enlouqueceu’, exclama May. A personagem é editora de livros e até entende que o preparador é pago para ser minucioso, conferir gramática, pontuação e uso do idioma. “Mas esse sujeito passou das medidas. Passou mesmo. Ele assinalou a frase ‘manuscrito escrito à mão’, disse que era redundância, que a raiz em latim é manus, que significa ‘mão’”.
Exageros à parte, o que ela fala tem uma boa dose de verdade. O preparador de texto precisa ser perfeccionista e um eterno desconfiado.
Mas vamos às diferenças entre revisão e preparação: a revisão de textos se atém ao emprego da norma culta, aos aspectos meramente gramaticais. Verifica-se a ortografia, regência e concordância. Já a preparação de originais vai além: busca refinar o texto. Procura adequar o texto às normas editoriais e concede ao texto a harmonia entre forma e conteúdo. Em outras palavras, trata-se de uma revisão profunda, minuciosa, na qual se verifica não só a ortografia e a sintaxe, mas a coerência do enredo, a ortografia, os possíveis casos de ambiguidade, a pontuação, a repetição desnecessária de palavras, os vícios de linguagem e vários outros aspectos. É preciso perceber se as ideias e frases estão bem encadeadas, se os parágrafos seguem uma ordem lógica, se o estilo segue uma unidade. Muitas vezes, é preciso que o preparador reescreva trechos que se apresentam confusos e mal-estruturados. É um trabalho pesado, verdade seja dita.
Normalmente, somente as editoras e escritores independentes recorrem aos serviços de preparação de originais, mas é importante salientar que muitos textos acadêmicos necessitam passar por esse processo. Muitas vezes, o estudante escreve um texto confuso, com repetições de ideias e de palavras etc., e acredita que o revisor deveria ter se atentado aos aspectos acima citados, culpabilizando-o pelas críticas recebidas pela banca examinadora, quando esta não é tarefa do revisor, mas do preparador. Então, meus amigos, nada faz mais sentido que a frase sem sentido: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Ao revisor são atribuídas determinadas tarefas; aos preparadores, outras.
Nas editoras, o preparador é, depois do editor, a primeira pessoa a intervir no texto, fazendo essa “limpeza profunda” da qual falamos. Depois de diagramado, o livro passa por, pelo menos, mais duas revisões de prova, para garantir que o texto saia com o mínimo de erros possível. E sim, amigos, revisão perfeita não existe, e nós falamos sobre isso aqui.
Nós da Papel Ofício, ao percebermos que o texto necessita de uma intervenção mais profunda, estabelecemos um diálogo com o autor –  seja ele de livro, de teses ou dissertações –  para convencê-lo de que o investimento vale a pena, posto que um texto confuso pode prejudicá-lo sobremaneira.
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    Joice Nunes

    Graduada em Letras, revisora de textos e escritora. Estou sempre com um livro nas mãos, desde criança. Tenho a palavra escrita  como algo fundamental em minha vida. Se isso não for amor, não sei o que mais poderia ser. :)   

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