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De espectros e soluções invisíveis: meu processo de revisão de textos

5/7/2017

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Peço perdão pela paráfrase já gasta, mas gostaria de começar esse texto assim: um espectro ronda as editoras, o mundo acadêmico e as agências de publicidade (nem falemos das redações de jornais, pois já fomos extintos desses espaços há bastante tempo) – o espectro do revisor de textos. Eu gostaria de dizer que somos amados e odiados, mas, infelizmente, não são muitas as energias amorosas enviadas para esse profissional. Se alguma coisa dá errado, creiam, a culpa nunca é do mordomo, mas do revisor. Se tudo dá certo, creiam também, ninguém se lembra do pobre coitado que passou dias e noites trabalhando com esmero em um texto, observando, atento, questões de estilo, sintaxe, ortografia, o escambau.

O fato é que isso acontece porque a maioria das pessoas não sabe como o revisor de textos desenvolve o seu trabalho e quais são os limites de sua atuação. Afinal, o que ele faz? Ele só passa o corretor ortográfico do Word e se dá por satisfeito? Por que fala coisas estranhas do tipo “preparação de originais”? O que são essas marcas vermelhas no texto? Assim, resolvi responder a algumas dessas grandes questões da humanidade – e eu sei que elas tiram o sono e o sossego de vocês. Na verdade, vou falar um pouco para vocês sobre como é o meu processo de trabalho, pois cada revisor tem seus métodos próprios para revisar um texto.

É importante afirmar que a revisão é uma das etapas mais críticas e cansativas (sim, é verdade) em todo documento escrito. Deve, obviamente, deixar o seu autor satisfeito, mas também os destinatários, o público-alvo. O distanciamento que tal profissional tem em relação ao texto é fundamental para que os equívocos e as lacunas possam ser observados cuidadosamente. Isto posto, vou falar de 4 etapas que eu sigo para fazer uma revisão de qualidade – lembrando que trabalho com a ajuda de toda sorte de livros de apoio, como dicionários de regência verbal e nominal, de sinônimos e etimológicos, manuais de ortografia, gramáticas etc.

1 – Antes de tudo, eu aciono o controle de alterações, a fim de que o cliente possa ver tudo o que foi modificado no texto. Em seguida, faço uma espécie de “limpeza” no material: eliminação espaços desnecessários, correção das margens de acordo com a padronização solicitada pelo cliente, formatação em relação a espaçamento entre linhas, fontes, recuos de parágrafos, padronização de notas de rodapé etc.

2 – Depois, passo para a fase da correção ortográfica e gramatical. Na primeira leitura, obviamente, corrijo os erros mais “gritantes”, e somente na segunda leitura, mais acurada, eu me atenho às questões mais dificultosas.

3 - Se no orçamento o cliente opta pela preparação de texto, o trabalho é ainda mais profundo, pois é preciso observar questões de clareza textual, coesão, coerência e precisão semântica. Para saber mais sobre esse processo, clique aqui.

3 – À medida que reviso o texto, deixo as dúvidas registradas em balões de comentários, e depois de conversar com o autor sobre elas, faço as alterações necessárias.

4 – Feita a revisão, passo para a formatação (se o serviço tiver sido incluído no orçamento). Nessa fase, padronizo as citações longas (com mais de três linhas) e as que aparecem dentro do texto, checo referências, uniformizo notas de rodapé, indicativos de seção, alíneas, epígrafes, figuras, tabelas e quadros, paginação. Enfim, tudo o que for exigido pelas normas da ABNT ou pelo manual enviado pelo autor.

5 – Clico em F7 e deixo que o Word passe o “pente fino” para que não sobre nenhum “pastel”, palavrinha utilizada pelos revisores que se refere aos pequenos erros que escaparam à revisão.

6 – Terminado o trabalho, eu salvo o arquivo em duas versões, uma com controle de alterações – para que o cliente veja tudo o que foi feito – e uma versão “limpa”, e é nela que o autor deve trabalhar.

É claro que o trabalho é bem mais recheado de detalhes. Esse post foi escrito apenas para dar a você, leitor, uma ideia geral de como eu, particularmente, trabalho. Se alguns de vocês têm curiosidade de saber quais são os livros que eu uso nas minhas pesquisas diárias, aí vai a lista:
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Dicionário prático de regência verbal - Nova Ortografia – Celso Pedro Luft
Dicionário prático de regência nominal – Celso Pedro Luft
Gramática Houaiss da língua portuguesa – José Carlos de Azeredo
Escrevendo pela nova ortografia – José Carlos de Azeredo (org.)
Grande manual de ortografia – Celso Pedro Luft
Decifrando a crase – Celso Pedro Luft
ABC da língua culta – Celso Pedro Luft
Dicionário de sinônimos – Antenor Nascentes
Manual da boa escrita – Maria Tereza de Queiroz Piacentini
O livro - preparação e revisão de originais – Henry Saatkamp
Nova gramática do português contemporâneo – Celso Cunha e Lindley Cintra
A construção do livro – Emanuel Araújo
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
 

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    Joice Nunes

    Graduada em Letras, revisora de textos e escritora. Estou sempre com um livro nas mãos, desde criança. Tenho a palavra escrita  como algo fundamental em minha vida. Se isso não for amor, não sei o que mais poderia ser. :)   

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